PEQUIM e BRASÍLIA - Quando chegam ao Brasil, diretamente da China, os produtos do gigante asiático já causam apreensão. Agora, a preocupação deve aumentar porque as mercadorias chinesas contiuam chegando mas, desta vez, como contrabando, via Paraguai. Pela primeira vez na História, a China ultrapassou o Brasil como principal fornecedor externo do país vizinho que, no entanto, não tem tamanho para absorver o que recebe dos chineses.
Em 2006, o Brasil exportou para os paraguaios, US$ 1,23 bilhão. Já a China, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, exportou para aquele país US$ 1,41 bilhão, segundo dados do Banco Central do Paraguai (BCP), aos quais a Embaixada do Brasil em Assunção teve acesso.
Um dos exemplos da incapacidade do mercado paraguaio em absorver as importações chinesas está nos componentes de informática. Para se ter uma idéia, o Brasil importou da China cerca de US$ 70 milhões em placas-mãe em 2006 — contra US$ 153 milhões importados pelo Paraguai. Segundo analistas, o Paraguai agora está contrabandeando esses produtos para países da região — em especial o Brasil. Outra quantidade considerável vai para a Argentina.
Para a antropóloga Rosana Pinheiro Machado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que conclui uma pesquisa para a tese de doutorado “Made in China”, patrocinada pela Weimer Grem Foundation, 80% do contrabando chinês no Brasil vêm do Paraguai.
Autora de uma tese de mestrado sobre o contrabando paraguaio para o Brasil (“La garantia soy yo”), a pesquisadora decidiu ir à China saber onde tudo começa. Lá, Rosana disse ter ouvido de empresários chineses que a maneira mais barata de entrar para o mundo dos negócios na China é abrir uma empresa pirata.
Fonte: www.oglobo.globo.com